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Tuberculose longe da solução

Apesar da queda no número de casos e de mortes, Brasil ainda faz parte da lista dos 22 países com a maior incidência da doença

Quinta-feira, 25 de março de 2010


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São Paulo - O Brasil ainda está na lista dos 22 países que concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo, embora tenha melhorado no ranking, passando da 18.º para a 19.° colocação. O balanço divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, no dia Dia Mundial da Luta Contra Tuberculose, mostra que o número de casos da doença no país caiu de 72.140, em 2007, para 70.989, em 2008. No período, a incidência da doença passou de 38,1 casos em cada grupo de 100 mil habitantes para 37,4. O número de mortes também diminuiu, de 4.823, em 2007, para 4.735, no ano seguinte.

Apesar da queda no número de mortes, o porcentual de cura no Brasil ainda está longe do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O índice passou de 69% em 2002 para 73% em 2008 – a OMS recomenda 85%. Um dos destaques, segundo o Ministério da Saúde, é a expansão da estratégia do Tratamento Diretamente Observado, que consiste no acompanhamento do paciente durante seis meses. Atual­­mente, 43% dos novos casos são monitorados. Em 2002, a média era de 3,3%.

Para o Ministério da Saúde, o balanço é positivo. “São resultados da mudança na estratégia de combate: primeiro, priorizar, e segundo, a descentralização”, destacou o ministro José Gomes Temporão. O coordenador-geral do Programa Nacional de Controle da Tuber­culose, Dráulio Barreira, acredita que em breve o Brasil deixará a lista de países com os maiores índices da doença. “A expectativa é a de que nos próximos 3 ou 4 anos o nome do país saia dessa lista”, disse.

Segundo Barreira, a maior dificuldade é a adesão da população ao tratamento. A estimativa é de que 8% dos pacientes abandonam a terapia. Até o ano passado, a es­­tra­­tégia combinava três medicamentos e era preciso que o paciente tomasse até nove cápsulas diariamente. Em 2009, o país adotou uma quarta droga. “A partir de ou­­tubro, o número de cápsulas foi drasticamente reduzido, para três ou quatro”, afirmou o coordenador.

Paraná

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, em 2009 o Paraná apresentou 2.320 casos novos de tuberculose. Em matéria publicada ontem na Agência Estadual de Notícias, o secretário Gilberto Martin afirmou que há uma redução lenta e progressiva da incidência da doença no estado, de 29 para cada 100 mil habitantes em 2004 para 23,2 para 100 mil habitantes em 2009.

O estado com a maior incidência de casos de tuberculose é o Rio de Janeiro – 68,64 para cada 100 mil habitantes. Em seguida aparecem Amazonas (67,88), Pernam­buco (47,61), Pará (43,72), Ceará (43,2) e Rio Grande do Sul (42,53). As menores taxas da doença foram registradas no Distrito Federal (13,73), no Tocantins (13,67) e em Goiás (13,91).

A tuberculose é a principal causa de morte de portadores do vírus HIV. Em 2002, 26,7% dos pacientes fizeram exames para detectar o vírus HIV e, em 2008, o índice passou para 48%. Segundo Barreira, 8,8% dos pacientes apresentam as duas doenças. Entre os portadores do HIV, o risco de contrair tuberculose é 30 vezes maior.

A incidência da doença entre homens – 50 para cada 100 mil habitantes – é duas vezes maior que entre mulheres. Nas populações indígenas, a incidência é quatro vezes maior que a taxa nacional. 73% dos pacientes com a doença têm no máximo 8 anos de estudo e 8,8% deles são analfabetos.

A doença

Causada pelo bacilo de Koch (Myco­bacterium tuberculosis), a tuberculose é uma doença que afeta principalmente os pulmões. Ela é transmitida por meio da tosse ou do espirro. Os principais sintomas são tosse prolongada (por mais de três semanas), com ou sem catarro, cansaço, emagrecimento, febre e suor noturno.

 

Fonte: Das agências

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